Luciano
Floridi é um pesquisador italiano conhecido por seu trabalho na área de Filosofia
da Informação e da Ética da Informação. Atualmente é professor de filosofia e
ética da informação e diretor do Digital
Ethics Lab na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Foi editor e
organizador do livro The onlife manifesto – Being Human in a Hyperconnected Era –
publicado em 2015, resultado de uma pesquisa coletiva com quinze estudiosos da área da informação.
Com
as tecnologias de informação e comunicação (TICs) a sociedade é afetada
radicalmente, alterando nossa condição humana, a percepção e a forma como os
sujeitos se relacionam.
As
TICs são mais do que ferramentas, entende como forças ambientais que estão cada
vez mais afetando a nossa noção de quem somos, as interações mutuas, a nossa
concepção de realidade (nossa metafisica) e as nossas interações com a
realidade.
A
nossa percepção e entendimento da realidade que nos cercam estão
necessariamente mediadas por conceitos.
Lista
as seguintes transformações:
- · Embaçamento da distinção entre realidade e virtualidade;
- · A forma como estão borradas as distinções entre humano, máquina e natureza;
- · A inversão da escassez de informações para a abundância de informações;
- · A mudança da primazia das entidades para a primazia das interações.
A
iniciativa online é um coletivo que busca explorar a relevância das
consequências causadas por essas mudanças a partir do conceito de reengenharia
de forma a inspirar a reflexão sobre o futuro, haja vista que a conectividade já está como dada.
O
manifesto propõe-se a abrir o debate sobre os impactos da era computacional nos
espaços públicos, políticos e sociais em direção a uma criação de políticas na
agenda digital.
A
questão do paradigma da modernidade é tratada no sentido de refletir a
respeito, pensando que essa foi toda baseada em uma relação tensa entre humanos
e natureza, caracterizada pela dominação e exploração humana, como se a
natureza fosse um reservatório infinito passivo. O progresso, controle e o
racionalismo colocados como a utopia.
Paradoxalmente,
em termos de economia, política, meio ambiente mostrou-se um esforço
absolutamente complexo identificar quem detém o controle do que, sendo esse
desejado e ao mesmo tempo temido.
Essa
crise paradigmática pode ser também percebida nas teorias de Bruno Latour,
Jean-François Lyotard, Jonathas Crary e Sérgio Abranches.
Considerando
a abundância de informações, abriu-se um caminho de experimentação da
liberdade, da igualdade e da alteridade nas esferas públicas, que não vem de
forma pacifica, é mediada por interações calculadas e controladas. Novas formas
de vulnerabilidades sistêmicas surgem da crescente dependência de infraestruturas
informacionais.
Questionam-se:
o que é ser humano em uma era da hiperconectividade?
Não
é possível responder de forma única e definitiva, porém se mostra útil para
aproximar dos desafios dessa era.
A
complexidade pode ser vista como um outro nome para contingência, porém, não se
trata de agir de forma desistente perante os sistemas complexos e sim reavaliar
as noções recebidas de responsabilidade individual e coletiva, além da
responsabilidade nos sistemas sociotécnicos distribuídos.
A
respeito do público e do privado afirmam que necessita uma reflexão atualizada,
não mais colocando como termos opostos mas que a esfera pública A esfera
pública deve fomentar uma série de interações e compromissos que incorporam uma
opacidade empoderadora do self, a necessidade de auto-expressão, desempenho de
identidade, a chance de se reinventar, bem como a generosidade de esquecimento
deliberado.
A
respeito do Self relacional está na hora de afirmar, em termos políticos, que
nossos eus são tão livres quanto os sociais, ou seja, a liberdade não ocorre no
vácuo, e sim em um espaço de oportunidades e restrições. Juntamente com a liberdade,
nós mesmos derivamos e aspirar a relacionamentos e interações com outros eus,
artefatos tecnológicos, e o resto da natureza.
No
movimento de nos tornar uma sociedade de literacias digitais propõem-se o
desenvolvimento de uma relação crítica com as tecnologias, mas não a procura de
um lugar transcendental fora destas mediações. Mas sim, um esforço de entendimento
imanente de como as tecnologias nos moldam como seres humanos, enquanto nós,
seres humanos, moldamos criticamente as tecnologias.
O
manifesto é um movimento inicial, um ponto de partida e afirmam que é preciso
dar mais atenção coletiva à atenção em si, como um atributo humano inerente que
condiciona o florescimento das interações humanas e as capacidades de se
engajar em ações significativas na experiência da vida.
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