A DISCIPLINA

CBD5411 Novas Lógicas e Literacias Emergentes no Contexto da Educação em Rede: Práticas, Leituras e Reflexões​



Profa Dra. Brasilina Passarelli - Currículo Lattes

       Professora Titular pela ECA/USP em 2007 e Chefe do Departamento de Biblioteconomia e Documentação (CBD/ECA/USP) para os períodos 2006-2007; 2009-2011; 2011-2013. Eleita Vice-DIretora da Escola de Comunicações e Artes - ECA para o período 2017-2020. Orientadora de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da ECA/USP na Linha de Pesquisa Processos Comunicacionais: tecnologias, produção e consumos onde ministra a disciplina Novas Lógicas e Literacias Emergentes nos Coletivos Digitais: Práticas, Leituras e Reflexões. 
       Livre-Docente pela ECA/USP (2003).Professora Titular do CBD/ECA/USP desde 2007. Realizou em 2008 programa de Pós-Doutorado com bolsa CAPES junto à Universidade Carlos III de Madrid sobre o tema Novos Perfis para Gestores da Informação. Mestre e Doutora em Ciências da Comunicação pela USP (1993) com internship na Michigan State University (bolsista Sandwich do CNPq). Bacharel em Biblioteconomia e Documentação pela Escola de Comunicações e Artes da USP (1976). 
       Coordenadora Científica do NACE - Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Novas Tecnologias de Comunicação Aplicadas à Educação Escola do Futuro/USP, onde coordena pesquisas quantitativas e qualitativas sobre populações conectadas no âmbito do Observatório da Cultura Digital, com metodologia da netnografia e da etnografia virtual. 
       Coordena convênios internacionais com: Universidade do Porto (Portugal); Universidade de Aveiro (Portugal); Universidad Complutense de Madrid (Espanha); Texas (Austin). Em negociação convênios com as seguintes universidades americanas: Washington (Seattle); Rutgers (New Jersey - New York) e Florida State University (Talahassee - FL).


Textos Coletivos
Produzidos pelos alunos de Mestrado e Doutorado como trabalho de conclusão da Disciplina
BLOG DA TURMA DE 2013
BLOG ATUAL

Conteúdo da Disciplina
OBJETIVOS
Disseminar o conhecimento acerca de conceitos seminais do contemporâneo conectado: IoT – Internet das Coisas e Big Data; redes sociais, comunidades virtuais de aprendizagem; coletivos digitais;folksonomias e etnografia virtual, entre outros. Estimular leituras, reflexões e novas práticas de produção coletiva do conhecimento no contexto da sociedade contemporânea em rede. Estimular a reflexão sobre os cenários globais e locais que envolvem a educação presencial e à distância. Propiciar instâncias presenciais e a distância via site da disciplina para produção de texto coletivo com alternância de papéis para assegurar a participação igualitária de todos os alunos.

JUSTIFICATIVA
Em tempos de hiperconectividade (ou conectividade continua), da Internet das Coisas, das roupas e utensílios inteligentes e do Big Data vivenciamos a reconfiguração das relações sociais e suas estruturas de poder, da economia e da educação num fluxo e refluxo contínuo das interfaces de mediação da informação e da comunicação. Assim, nessa cultura do remix novas lógicas, novas semânticas e novas leis emergem para dar conta da nova ordem social que se constitui e se organiza nas interfaces (tanto homem X máquina como máquina X máquina) como superfícies de mediação das relações sociais no fluxo crescente da comunicação dos atores em rede.
Neste caldo de hiperconectividade também ermerge um novo conjunto de habilidades e/ou competências construídas a reboque do uso de diferentes tecnologias digitais também chamadas de “literacias digitais” e/ou media literacy, refletindo uma realidade comunicacional que não mais comporta o processo de comunicação de massa reduzido à dualidade emissor-receptor do século passado. O novo século traz em seu DNA o conceito de “nova economia” que pressupõe novos modelos de negócios, a reciprocidade das ações comunicacionais e o hibridismo dos meios de comunicação de massa tradicionais como TV, cinema, radio e mídia impressa com seu mais novo irmão – a mídia digital ou new media.
O cenário por mim desenhando na introdução converge com as colocações do sociólogo Derrick de Kerkhove em palestra no Instituto de Estudos Avançados da USP em 2013,  acerca da centralidade da tecnologia na vida contemporânea. Discípulo do teórico canadense Marshal McLuhan (1911-1980), Kerckhove é considerado um dos mais importantes estudiosos das relações entre tecnologias digitais e sociedade. É professor da University of Toronto, onde dirigiu por mais de 20 anos o Programa McLuhan em Cultura e Tecnologia.
Para ele, na transposição para a sociedade tecnológica contemporanea o conceito do totemismo se traduz em um continuum entre a mente humana e a máquina, cujo resultado é uma profunda e decisiva alteração nas formas como se constituem e se constroem as novas identidades, sociabilidades e sensibilidades dos indivíduos na atualidade. Self e redes digitais se interpenetram e se criam em relações de mútua interdependência; máquinas e tecnologias tornam-se extensões do corpo; identidades eletrônicas e avatares circulam no ciberespaço constituindo novas formas de habitar e de existir no mundo e a internet torna-se via estruturante da produção, circulação e compartilhamento das expressões, emoções e  da própria ação social. (PASSARELLI, 2014).
Como pesquisadora e coordenadora de projetos de pesquisa-ação sobre inclusão digital em ambientes de educação formal e não-formal reconheço duas “ondas” na introdução da Internet no Brasil 1 . Na primeira “onda” ocorrida a partir dos anos 2000 quando a Internet comercial começa a ser ofertada de forma massiva no contexto brasileiro, as atenções se voltaram majoritariamente às políticas de acesso e fornecimento de infraestrutura para a mitigação dos fenômenos da exclusão digital e para a conquista da cidadania visando prioritariamente a população de baixa renda. A segunda “onda”, intensificada a partir de 2006, veio como decorrência do acúmulo de experiências e de informações advindas das iniciativas públicas e privadas setoriais, as quais criaram as fundações para a necessidade da adoção de novos enfoques e perspectivas de investigação. Estes surgiram preocupados
com a reflexão sobre a realidade da apropriação cotidiana das novas tecnologias e na construção de identidades e narrativas pelos atores em rede, em diferentes realidades sócio-históricas e culturais e que desembocam na adoção do conceito de literacias digitais e/ou media literacy para qualificar as novas competências de comunicação, busca de informações e produção de conhecimento dos atores conectados.
Os estudos teóricos destinados a investigar as configurações de uma sociedade permeada pela tecnologia devem abster-se de uma visão compartimentada do conhecimento, contrapondo pensadores da modernidade e da contemporaneidade, detectando permanências, impertinências e novos caminhos. Nesse contexto, a abordagem da comunicação, das mídias e das tecnologias aproxima-se menos de uma ótica dualista que contrapõe elementos naturais e sociais, e mais de uma perspectiva híbrida,  característica de um tempo dominado pela mediação e pela convergência tecnológica. Vários autores são estudados atrevés de resenhas e seminários . Dentre eles cito o mais recentemente incorporado Luciano Floridi - Professor de Filosofia e Ética da Informação, UNESCO Chair in Information and Computer Ethics na University of Hertfordshire , fellow do St Cross College, Oxford e Diretor de Pesquisa do Oxford Internet Institute – Understanding Life Online – preconiza que vivemos a quarta revolução. A primeira foi impulsionada pelo pensamento de Nicolaus Copernicus (1473-1543) que deslocou a Terra do centro do universo. 
segunda por Charles Darwin (1809-1882) que colocou o homem como uma das várias espécies descendentes de um mesmo ancestral. A terceira por Sigmund Freud (1856-1939) que desvendou o inconsciente que impede a razão de ser inteiramente transparente. Com a quarta revolução que pode ser representada por Alan Touring (1912-1954) - o matemático britânico excepcional que decodificou mensagens encriptadas e considerado por muitos como o pai da computação moderna - mais uma vez algo muito relevante mudou na forma como o ser humano se entende no mundo.
Passamos a nos perceber como seres informacionais interconectados Ainda para Floridi na sociedade contemporânea conectada a comunicação não é importante por ser ciência, mas sim por ser interface. A preocupação da Comunicação não deve ser ter corpo sólido como a física, mas se reconhecer como interdisciplinar e, portanto, importante para todas as  outras ciências como interface. O desafio dos meios de comunicação é identificar como ser relevante numa economia conectada em rede. E para tanto precisa aprofundar o estudo sobre a vida na infoesfera, sobre o paradoxo que é ao mesmo tempo a sociedade atual valorizar a privacidade e divulgar informações confidenciais por meio de redes sociais a exemplo do Facebook.
Floridi acredita que o dualismo online/offline tende a desaparecer e que novas formas de exclusão social podem surgir a reboque da sofisticação crescente da conectividade e hiperconectividade. Ele também contempla o dualismo analógico/digital e apresenta características diferenciadoras de ambos. Considera que o sistema analógico é mais rico em informação e que o digital diz respeito somente à informação, sendo que o resto da vida humana se dá no mundo analógico pois não se comerá bits, embora o digital possa reconfigurar a distribuição de alimentos em nível mundial. O digital pode agregar agilidade aos processos, ao passo que no analógico um ponto tem infinitas informações podendo chegar ao nível quântico. Na esteira dos trabalhos sobre filosofia e ética da informação Floridi liderou em 2012 um grupo de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento buscando respostas a questões abaixo arroladas cuja dinâmica compreendeu diversos encontros presenciais e online que culminaram no projeto denominado The Onlife Manifesto.
• O que significa ser humano numa sociedade computacional??
• Como podemos experenciar liberdade e pluralidade numa realidade hiperconectada?
• A dicotomia publico/privado ainda faz sentido??
• Como podemos entender e atribuir responsabilidades num mundo
onde artefatos transformam-se em agentes??

CONTEÚDO DA DISCIPLINA
1. Apresentação da Disciplina e das Atividades Previstas: Eleição dos relatores visando à alternância de relatorias semanais publicadas no Blog da Disciplina; Trabalho Final: Texto Coletivo. Apresentação do Portal e suas funcionalidades básicas. Cadastro de alunos no site e construção de Blogs Individuais. 
2. Do Papiro à Internet: Multimídia e a Narrativa Não-Linear. Linha do Tempo sobre as Tecnologias de Comunicação Humana. Hipertexto e World Wide Web. 
3. Catatonia Paradigmática e Teorias de Aprendizagem: Novos papéis para e professores e alunos. Algumas Teorias sobre a Aprendizagem Humana, 
4. Redes Sociais - Atores e Conversações: O Conceito de Atores em Rede. Debate sobre as Diversas Ferramentas de Rede Sociais. Implicações para a Sociedade, Economia, Política e Educação.
5. Literacias Emergentes em Redes Sociais: Modelos de Literacia.Habilidades e Competências emocionais, sociológicas, motoras e cognitivas em redes sociais. 
6. Estudos de Caso: Projetos NAP Escola do Futuro/USP.
7. Arquitetura para Construção do Texto Coletivo: Noções de Desenvolvimento de projeto de Pesquisa e Metodologia do Trabalho Científico. O Conceito de Resenha para Auxílio no Trabalho Científico 
8. Aula Externa: Preparação dos Seminários sobre os Textos Coletivos das Turmas anteriores. Resenhas das Dissertações de mestrado sobre o CCVAP. Resenhas sobre Metodologia de Pesquisa Científica. ATIVIDADE INDIVIDUAL 
9. Seminários sobre os Textos Coletivos Resenhados. ATIVIDADE INDIVIDUAL. 
10. Arquitetura Inicial e Eleição do Tema do Texto Coletivo 
11. Aula Externa: Estruturação do Texto Coletivo - Versão 1.0 
12. Discussão em Aula do Texto Coletivo - Versão 1.0 13. Aula Externa: Reestruturação do Texto Coletivo -Versão 2.0 e Elaboração do Seminário Making Of do Texto Coletivo 
14. Discussão em Aula do Texto Coletivo - Versão 2.0 
15. Seminário Making Of e Publicação Final do Texto Coletivo -Versão 3.0.

BIBLIOGRAFIA 

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: Produção do Texto Coletivo; Seminários; Relatorias Semanais no Blog Institucional da Disciplina; Produção em Blogs Individuais.

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