Resenha - Mediação no hibridismo contemporâneo: um breve estado da arte



Imagem disponível em: https://pixabay.com/pt/illustrations/sociais-m%C3%ADdia-3408791/ Acesso em: 17 set. 2019


por Barbara Endo


Em “Mediação no hibridismo contemporâneo: um breve estado da arte” a autora apresenta a reconfiguração das  relações sociais, da economia e da educação a partir do que chama de “fluxo e refluxo contínuo das interfaces de mediação da informação e da comunicação”. Isto é, na perspectiva da sociedade da informação, com o “acesso ilimitado” ao conhecimento e à cultura por meio das tecnologias digitais, é importante diferenciar o fato de simplesmente assimilar as informações e de se apropriar delas. Em meio à enormidade de informações disponíveis, poucos, de fato, produzem sentidos a partir delas.

Passarelli nos apresenta o conceito de totenismo em que há uma relação contínua entre a máquina e a mente humana e isto altera as formas de identidade, sociabilidade e sensibilidade das pessoas. É  comum, por exemplo, a projeção de uma realidade por meio das redes sociais nas quais a vida se torna “perfeita”, com felicidade constante, poucas ou nenhuma frustração, aparência impecável, viagens inesquecíveis, comidas deliciosas, entre outros.

A autora fala também sobre a evolução da mídia para produtos cada vez mais híbridos, as narrativas transmídia, as quais mesclam diferentes gêneros e formatos. Neste contexto, não se trata apenas da mensagem, mas do meio, assim como diria MacLuhan, “o meio é a mensagem”.

Outro ponto abordado no texto é a questão do ciclo de vida da informação que, segundo Floridi (2010), possui as fases da ocorrência, da transmissão, do processamento/ organização e da utilização. A partir disso, é fácil perceber como a informação tornou-se um dos bens mais valiosos da contemporaneidade e a mediação, por sua vez, seria a responsável para que etapas não fossem puladas nem adiantadas nesse ciclo. Ainda de acordo com Floridi, cunhou-se o termo onlife no qual não há dissociação entre “mundo real” e “mundo virtual” devido à hiperconectividade. O italiano Stefano Quintarelli também discute as implicações sobre o futuro considerado imaterial e conectado diante da presença constante dos dispositivos eletrônicos na vida em sociedade.

E, por fim, o texto aborda as MIL (Media and Information Literacy) como forma de ensinar e educar a população a usar a informação seja ao consumi-las, ao transmiti-las ou até mesmo ao produzi-las. Cabe, aqui, citar os quatro pilares do conhecimento propostos por Jacques Delors (1996) diante desta conjuntura de interação e protagonismo: é preciso aprender a conhecer os bastidores de uma informação (processo de preparação de pauta, pesquisa, foto, texto, áudio ou vídeo), aprender a fazer o uso dessas informações e, assim, gerar conteúdo de qualidade. Também é necessário aprender a conviver com os diferentes veículos de comunicação e informação e sobrepor sobre eles um olhar crítico e, principalmente, aprender a ser um consumidor e um produtor de conteúdo não violando os princípios éticos e morais, valorizando a diversidade e respeitando os princípios de equidade. E, para tal, a mediação da informação e da comunicação é essencial.


Referências: DELORS, J.(Coord.) Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortezo. p. 89-102, 1996. PASSARELLI, B. Mediação da informação no hibridismo contemporâneo: um breve estado da arte. Revista Ciência da Informação, v. 43, n.2, p. 231-240, 2015, issn: 1518-8353. QUINTARELLI, S. Instruções para um futuro imaterial. ISBN: 978-85-93115-22-6 São Paulo: Elefante, 2019.

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