Resenha - Living Inside The Net - Aluna Karen Gimenez







LIVING INSIDE THE NET: THE PRIACY OF INTERACTIONS AND PROCESS

PASSARELLI, B., PALETTA, F.C. in Handbook of Research on Comparative Aproaches to the Digital Age Revolution in Europe and Americas, EUA, 2016

O artigo classifica a internet como uma das maiores revoluções da humanidade no que tange a possibilidades de criação e compartilhamento de conteúdo, como um convite à criatividade, “empoderamento” e inclusão.  Mas também tem seus problemas, Nessas bases, o artigo discorre sobre alguns exemplos que sustentam essa afirmação, como a Escola do Futuro, da Universidade de São Paulo (USP).

Em época de hiperconectividade, quando tudo de alguma maneira está relacionado, desde a comunicação automática entre os itens de uma cadeia produtiva (internet das coisas), os bilhões de possibilidades de cruzamentos de dados (Big Data), em um fluxo contínuo e multiconectado de informações, uma nova ordem surge para relacionar as interfaces entre homens, entre máquinas e entre homens e máquinas. Para lidar com esse contexto são necessárias novas habilidades comunicacionais que vão além do clássico emissor/receptor, surgindo então novas habilidades diante das novas tecnologias formando o que se pode chamar de “alfabetização midiática”, que pressupõe o hibridismo dos meios e a reciprocidade entre os envolvidos no processo comunicacional que inclui até representações virtuais do agentes do processo, como a em existência dos avatares.

Esse novo contexto pode ser dividido em duas ondas no Brasil: a primeira delas nos anos 2000 com o início da popularização da internet e cujo foco era a disseminação da rede para o maior número possível de brasileiros. A segunda, a partir de 2006 quando a infraestrutura já está em andamento e surge então a necessidade de se aprimorar a utilização da tecnologia na construção de novas identidades e narrativas dentro do processo comunicacional digital.

Essas necessidades fizeram com que o Observatório da Cultura Digital da Escola do Futuro da USP se tornasse o local de concentração de estudos sobre o tema de diversas universidades brasileiras e de algumas universidades estrangeiras por meio de acordos de intercâmbio com apoio de empresas privadas. A proposta é analisar como funciona a trama de toda essa rede com seus eixos e flexibilidades.

Literacia e mediação são conceitos inseparáveis nesse contexto, concebendo um conceito em que a mediação entre como elemento fundamental no processo comunicacional do homem e na construção da alfabetização midiática, repleta de desafios teóricos e práticos.

Desafios que se formam diante de um presente volátil e da dificuldade cada vez maior de prever o futuro. Da prática de previsão de cenários tão comuns outrora, pela velocidade e falta de referencial, o que parece restar pensando em um futuro em que tudo é possível, é a capacidade de gerenciar riscos. A mediação faria então, o papel de uma ponte para ligar os elementos de um presente em constante mutação rumo a um futuro incógnito.

Alguns autores teria considerado o surgimento da mídia digital como um complemento à chamada mídia tradicional, o que levou a uma percepção errônea dos meios digitais como reprodutores de mensagens e não como veículos de interatividade entre os envolvidos na mensagem. A partir do surgimento de web 2.0 não há mais como negar o nascimento de um sistema de cultura participativa em rede, indo muito além da lógica conhecida e demandando uma mediação polifônica.

Começa então uma relação em que as pessoas e os meios se misturam fazendo com que tanto nas novas tecnologias influenciem no comportamento humano diário, quanto o comportamento humano diário, até nas mínimas coisas do dia a dia passe a ser um forte influenciador nos rumos do desenvolvimento das novas tecnologias tendo as redes um papel fundamental na definição da maneira em que as pessoas passam a entender a sociedade.

Nesse amplo e veloz sistema de disseminação de informações a polarização começa a ganhar força sendo necessária a criação de acordos e regulamentações para tornar a rede algo possível de se navegar. Em meio a toda essa interatividade, Henry Jenkins (2006), fundador e diretor do Programa de Mídia Comparativa Estudos do MIT passa a defender que os meios se conectem na contagem de uma história de maneira que elas possam se conectar como as peças de um quebra cabeça. Para compreender a história como um todo seria necessário a utilização de vários meios interligados fazendo com que a convergência se dê na mente do indivíduo e não necessariamente nos meios em si, cada um construindo a sua própria história a partir dos fragmentos acessados nos meios de comunicação. Dessa maneiras seriam cada vez mais estimuladas a criatividade, o livre pensar e a capacidade crítica.

As tecnologias de informação e comunicação (TICs) tendem então a ser o caminho da transformação da sociedade desde os processos educativos até a própria maneira de se fazer uma guerra passado pelas mais diversas rotinas diárias. E qual o papel do ser humano nesse sistema? Como são tratados conceitos como liberdade, privacidade e responsabilidades?

Todas essas questões geraram um manifesto chamado “The onlife Iniciative” que investigou todos esses desafios. Como resultado os autores do documento - publicado em 2012 - perceberam que:
1) as TICs tem impacto radical na condição humana
2) as TICs não são meras ferramentas mas forças mentais que afetam: autoconhecimento, interação, concepção de realidade e nossas interações com elas.

E qual o papel da literacia midiática nesse novo sistema? Essa foi um dos temas do Forum Europeu de Midia e Alfabetização Informacional realizado na Europa em 2014. A alfabetização midiática foi reconhecida como fundamental nesse novo processo de formação do indivíduo, lembrando que a tecnologia digital é transversal a todos os meios de comunicação mas por si só não é suficiente, e sim uma proposta complementar.

O acesso a esses novos letramentos é cada vez mais amplo, o que ainda não se sabe é como as pessoas vão se comportar diante dessa nova forma de aprendizado, bem como ele pode ser aplicado nas diferentes regiões do mundo mais e menos conectadas e como pode ser adaptado às mais diversas culturas.

Karen Gimenez, aluna especial de Mestrado, 21 de setembro de 2018.

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