Resenha[1] dos
capítulos 1 e 2 da pesquisa: Organização Fundação Telefônica. Juventude
Conectada. São Paulo: Fundação Telefônica, 2014.
Por Roberta T Soledade[2]
A pesquisa “Juventude Conectada” foi um projeto
idealizado em 2013 pela Fundação Telefônica Vivo e contou com a parceria de
instituições de referência, tais como o IBOPE Inteligência, o Instituto Paulo
Montenegro e da Escola do Futuro – USP. O intuito desse levantamento, realizado
em diversas regiões do país e abarcando a opinião de 1440 entrevistados, foi lançar
o olhar para a transformação social trazida pela internet e, partindo de análises
qualitativas e quantitativas, gerar conhecimento sobre os seus impactos no
comportamento dos jovens no Brasil.
O contexto da pesquisa perpassa pela história da
nova economia, no qual temos um mercado globalizado em expansão, agregando
países emergentes e suas populações que, antes excluídas, passam a ser
estimuladas a consumir bens e produtos. Também são pontuadas questões como a
horizontalização das relações de poder, o imediatismo das ações em rede, a
impermanência de conteúdos e saberes, a dependência do espaço físico das
fronteiras geográficas e a construção de narrativas não-lineares.
Nesse contexto, temos que:
[...] a
reboque da sociedade contemporânea em rede, emergem novas lógicas, novas semânticas, novas literacias, novos modelos de negócios e novas práticas que ultrapassam as dualidades emissor receptor da comunicação de massa do século
passado, relocando a atenção dos teóricos da comunicação, das instituições de
ensino e pesquisa e das empresas da chamada “nova economia” para a
reciprocidade das ações comunicacionais onde os usuários da modernidade agora,
na contemporaneidade, são denominados prosumers (produtor + consumidor) com a
consequente redefinição dos papéis destes atores em rede. (PASSARELLI;
JUNQUEIRA, 2012, p. 14).
E nas duas
últimas décadas, de acordo com PASSARELLI (2010,) tem-se clareza de duas
“ondas” na sociedade em rede, a primeira em que prezou pelas preocupações
políticas e programas de inclusão digital, e a segunda na qual o olhar se
concentra nas diferentes formas de apropriação e produção de conhecimento na
web, fazendo-se necessário um novo conjunto de competências e habilidades.
Nessa linha,
o sociólogo Derrik de Kerckhove, em sua teoria do “tecnototemismo,” nos traz
que a tecnologia constitui-se no novo totem, ocupando agora o lugar central,
criando novos parâmetros definidores do próprio ser humano.
A evolução
do Big Data, pelo enorme fluxo de informações, gera um contínuo de algoritmos capazes
de potencializar a noção de internet das coisas (IoT), nos colocando em um
mundo em fusão entre o real e o digital, no qual a informática se consolida de
modo onipresente na vida das pessoas.
Mas, em meio
a um mar de aparentes benefícios, teremos desafios, tais como a inserção dos
imigrantes digitais, aqueles que terão que aprender a manipular os aparatos
tecnológicos para fazer parte dessa nova cultura, e também aprender a lidar com
questões de segurança e privacidade, relacionamento e ética que regem esse novo
modelo de fluxo livre da informação.
Diante desse
cenário complexo, com o objetivo de mapear comportamentos e opiniões, e
desvendar os usos feitos pela juventude de nativos digitais, o estudo combinou com
maestria dois tipos de metodologias complementares: pelo viés quantitativo envolveu
entrevista com 1440 jovens pelo Brasil, definiu os critérios de escolha da
amostragem por meio de faixa etária, classe social, selecionou somente alfabetizados
e com frequência semanal de acesso a internet. Já a análise qualitativa
utilizou grupos de discussão presencias e online, monitorou o uso da internet,
promoveu entrevistas e painel de debate com especialistas na área. Partindo
dessa análise, foi possível descrever o perfil, as atitudes e comportamentos
dos jovens entrevistados, gerando uma amostragem pela média de todas as
respostas analisadas.
Referência:
Organização Fundação Telefônica. Juventude Conectada. São Paulo:
Fundação Telefônica, 2014. Disponível em: http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/pdfs/juventude_conectada-online.pdf Acesso em
16 de setembro de 2019.
[1] Resenha
elaborada como aproveitamento da disciplina “Novas lógicas e literacias
emergentes no contexto da educação em rede: práticas, leituras e reflexões”,
ministrada pela Profa. Dra. Brasilina Passarelli. Programa de
Pós-graduação em Ciências da Comunicação. CCA/ECA – Universidade de São Paulo.
Setembro de 2019.
[2] Mestranda do
Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação ECA/USP. roberta.soledade@usp.br
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