A teoria da Ação Comunicativa – J. Habermas
Em Teoria da Ação
Comunicativa J. Habermas pretende investigar a razão, dando a ela uma nova
conceituação: a razão comunicativa. Para o autor, o conhecimento se dá
através da interação da filosofia da consciência e a filosofia da linguagem
onde os sujeitos atuam numa relação de reciprocidade buscando um entendimento
ou consenso.
Enquanto a filosofia
da consciência consiste na relação dos sujeitos com os objetos e com o mundo
que o cerca (uma relação cognitivo-instrumental) a filosofia da comunicação
consiste na relação do sujeito cognoscente com a comunicação, e que através
desta obtém uma consciência intersubjetiva de dialogicidade.
Habermas questiona o
pensamento positivista moderno (crítica à razão técnica e instrumental) e do
raciocínio lógico da filosofia da consciência e propõe uma mudança de paradigma
para uma racionalidade comunicativa, no qual o sujeito é capaz de tomar as
ações e os atos de fala, numa relação de argumentação para tornar a razão mais
humana e dialética.
Diferente de Kant que
entende a razão como subjetiva e Popper que a compreende como objetiva,
Habermas a percebe como comunicativa, concreta e dialógica, que é concebida por
meio da reflexão, de relações e processos de compreensão. No que concerne à
racionalidade, ela está ligada a produção de saberes, assim como o uso e
aplicação que os indivíduos fazem dele. Para o filósofo há
dois tipos de racionalidade: a primeira cognitivo-instrumental que define as
ações do sujeito em relação à natureza e seu domínio e a segunda, a
racionalidade comunicativa que define as ações dos indivíduos em relação aos
outros tendo em vista uma mútua compreensão consensual, ou seja, o conceito de
racionalidade está calcado nos processos de comunicação intersubjetiva com
vistas a alcançar o entendimento.
Enquanto a
racionalidade cognitivo-instrumental tem como característica uma organização
metódica do conhecimento operada pela lógica, Habermas busca uma alternativa
para as sociedades na modernidade: a razão comunicativa como a busca de
entendimento e consenso compartilhado. É uma razão que faz parte do cotidiano,
e é constituída por símbolos e transmitida pelas gerações através da comunicação.
Na Teoria da Ação
Comunicativa proposta por Habermas, o indivíduo por meio da linguagem é levado
a compreender os fatos. Segundo sua teoria é proposta a divisão do mundo em
duas partes: o Mundo do Sistema (MS) e o Mundo da Vida (MV).
Por Mundo do Sistema
são compreendidas todas as regras, as leis e normas criadas artificialmente
pela humanidade com o objetivo de obter êxito no domínio da natureza. Já
por Mundo da Vida é situado o mundo das relações sociais, dos sentimentos, das
percepções, dos vínculos, da intuição; em outras palavras, o Mundo da Vida é o
lugar onde a razão comunicativa é construída, a partir das relações intersubjetivas
entre os sujeitos de acordo com o espaço social e seu respectivo contexto
histórico. Além disso, o Mundo da Vida ainda é dividido em outras três partes:
a cultura, a sociedade e o sujeito. Sendo a cultura compreendida como o
reservatório ou espaço de conhecimento no qual os indivíduos podem recorrer
quando necessitam entender sobre algum fato do ou sobre o mundo; a sociedade:
diz respeito às ordens e regulações que estruturam as relações sociais e em
grupo; e por último o sujeito: abarcando as competências que tornam uma pessoa
capaz de agir, falar e assim poder constituir sua própria personalidade
individual.
O autor estabelece
também uma diferenciação entre os mundos objetivo, social e subjetivo,
assumindo desse modo que as interpretações variam com relação à realidade
social e que as crenças e valores podem ser diversos em relação ao mundo
objetivo e social.
Laiara Alonso, Mestranda em Comunicação e Educação - ECA - USP, 21 de agosto de 2018.
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