21/08/18 - Aula 3 - Resenha - A Teoria da Ação Comunicativa



A teoria da Ação Comunicativa – J. Habermas   
   
        

Em Teoria da Ação Comunicativa J. Habermas pretende investigar a razão, dando a ela uma nova conceituação: a razão comunicativa. Para o autor, o conhecimento se dá através da interação da filosofia da consciência e a filosofia da linguagem onde os sujeitos atuam numa relação de reciprocidade buscando um entendimento ou consenso.           
Enquanto a filosofia da consciência consiste na relação dos sujeitos com os objetos e com o mundo que o cerca (uma relação cognitivo-instrumental) a filosofia da comunicação consiste na relação do sujeito cognoscente com a comunicação, e que através desta obtém uma consciência intersubjetiva de dialogicidade.           
Habermas questiona o pensamento positivista moderno (crítica à razão técnica e instrumental) e do raciocínio lógico da filosofia da consciência e propõe uma mudança de paradigma para uma racionalidade comunicativa, no qual o sujeito é capaz de tomar as ações e os atos de fala, numa relação de argumentação para tornar a razão mais humana e dialética.        
Diferente de Kant que entende a razão como subjetiva e Popper que a compreende como objetiva, Habermas a percebe como comunicativa, concreta e dialógica, que é concebida por meio da reflexão, de relações e processos de compreensão. No que concerne à racionalidade, ela está ligada a produção de saberes, assim como o uso e aplicação que os indivíduos fazem dele. Para o filósofo há dois tipos de racionalidade: a primeira cognitivo-instrumental que define as ações do sujeito em relação à natureza e seu domínio e a segunda, a racionalidade comunicativa que define as ações dos indivíduos em relação aos outros tendo em vista uma mútua compreensão consensual, ou seja, o conceito de racionalidade está calcado nos processos de comunicação intersubjetiva com vistas a alcançar o entendimento.         
Enquanto a racionalidade cognitivo-instrumental tem como característica uma organização metódica do conhecimento operada pela lógica, Habermas busca uma alternativa para as sociedades na modernidade: a razão comunicativa como a busca de entendimento e consenso compartilhado. É uma razão que faz parte do cotidiano, e é constituída por símbolos e transmitida pelas gerações através da comunicação.
Na Teoria da Ação Comunicativa proposta por Habermas, o indivíduo por meio da linguagem é levado a compreender os fatos. Segundo sua teoria é proposta a divisão do mundo em duas partes: o Mundo do Sistema (MS) e o Mundo da Vida (MV).
Por Mundo do Sistema são compreendidas todas as regras, as leis e normas criadas artificialmente pela humanidade com o objetivo de obter êxito no domínio da natureza. Já por Mundo da Vida é situado o mundo das relações sociais, dos sentimentos, das percepções, dos vínculos, da intuição; em outras palavras, o Mundo da Vida é o lugar onde a razão comunicativa é construída, a partir das relações intersubjetivas entre os sujeitos de acordo com o espaço social e seu respectivo contexto histórico. Além disso, o Mundo da Vida ainda é dividido em outras três partes: a cultura, a sociedade e o sujeito. Sendo a cultura compreendida como o reservatório ou espaço de conhecimento no qual os indivíduos podem recorrer quando necessitam entender sobre algum fato do ou sobre o mundo; a sociedade: diz respeito às ordens e regulações que estruturam as relações sociais e em grupo; e por último o sujeito: abarcando as competências que tornam uma pessoa capaz de agir, falar e assim poder constituir sua própria personalidade individual.                         
O autor estabelece também uma diferenciação entre os mundos objetivo, social e subjetivo, assumindo desse modo que as interpretações variam com relação à realidade social e que as crenças e valores podem ser diversos em relação ao mundo objetivo e social. 
Para Habermas, a ação comunicativa surge a partir de uma interação entre dois ou mais sujeitos capazes de e agir e que estabelecem entre si relações interpessoais com o intuito de coordenar suas ações pela via do entendimento considerando o mundo objetivo dos fatos, o mundo social das normas e o mundo de suas experiências subjetivas.

Laiara Alonso, Mestranda em Comunicação e Educação - ECA - USP, 21 de agosto de 2018.



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