Juventude conectada - Um novo olhar sobre o comportamento juvenil na internet

A pesquisa Juventude Conectada (2014), foi organizada pela Escola do Futuro, liderada pela Profª Drª Brasilina Passarelli em conjunto com a Telefônica.  O estudo percorre o Brasil inteiro, mapeando extensamente como seria a interação dos jovens com a conexão e com as redes, e também, como essa interação reflete em quatro eixos temáticos:
  1. Educação e Aprendizagem
  2. Ativismo
  3. Empreendedorismo
  4. Comportamento
A pesquisa leva em consideração os diferentes contextos sociais regionais, bem como as diferenças por classe. Separamos aqui alguns dados relevantes da pesquisa para que possamos entender o contexto social que a pesquisa nos mostra, bem como algumas de suas conclusões:

A pesquisa completa pode ser lida aqui:



Residências com acesso à internet


60% das residências ainda não tem acesso à internet
48% das residências tem pelo menos 1 computador (19)


Celular como parte da construção da identidade jovem
  • O celular é um elemento que se integra à aparência visual
  • O celular promove e possibilita desenvolver uma personalidade autônoma e independente
  • O celular é um mediador do processo de construção do self
  • O celular é um símbolo para a construção de identidades coletivas (Yarto, 2009, p.87) (43)


Comportamento dos jovens
Para os jovens internautas pesquisados, independentemente de gênero, idade e classe social, a internet é acessada tanto pelos computadores de mesa (desktops), quanto pelos celulares. Mas para esses jovens, o celular aparece como opção preferencial por permitir a conexão à internet a toda hora e em qualquer lugar.(45)  

Mas o celular ainda aparece com uma série de desvantagens (custo, dificuldade, desconforto)

Entre os jovens, pesquisar informações em geral, buscar suporte ou serviços onli- ne é o terceiro grupo de atividades realizadas na internet na escala de importância relativa (54)



PROSUMER
A reboque da sociedade contemporânea em rede, emergem novas lógicas, novas semânticas, novas literacias, novos modelos de negócios e novas práticas que ultrapassam as dualidades emissor receptor da comunicação de massa do século passado, realocando a atenção dos teóricos da comunicação, das instituições de ensino e pesquisa e das empresas da chamada “nova economia” para a reciprocidade das ações comunicacionais onde os usuários da modernidade agora, na contemporaneidade, são denominados prosumers (produtor + consumidor) com a consequente redefinição dos papéis destes atores em rede. (PASSARELLI; JUNQUEIRA, 2012, p. 14).


A pesquisa leva em consideração os diferentes contextos sociais regionais, bem como as diferenças por classe. Separamos aqui alguns dados relevantes da pesquisa para que possamos entender o contexto social que a pesquisa nos mostra, bem como algumas de suas conclusões:
Diferença de Classe
A importância relativa da classificação socioeconômica deve ser entendida em um contexto ampliado de influências, para além das meras questões financeiras. Mais do que a diferença nos índices de posse e de acesso às tecnologias de informação e comunicação, elas também revelam comportamentos diferentes, construídos a partir das desigualdades culturais e sócio-históricas entre os diferentes status sociais da população brasileira – em especial no que diz respeito à Educação e ao trabalho. (63)



Mediação Professor-Internet - Além do currículo
No entanto, as interações entre corpos diretivos, docentes e discentes no ambiente escolar sob a mediação da internet não se limitam a trocas de materiais didáticos. Muitas vezes, elas incluem relacionamentos extraescolares, mediados pelas redes sociais, que podem contemplar convites e incentivos à participação em mobilizações sociais e movi- mentos de rua, como será visto mais adiante. (68)


Sobre as divisões:
Acessar sites de revistas pode ser visto como uma tarefa diferente de acesso às redes sociais?


É pelas redes que circulam os links. Quantas vezes se acessa o site só pelo site?


Urbanização e mediação
As cidades [assim como as novas mídias] trazem consigo novas formas de estar juntos, novas trajetórias e entrecruzamentos, heterogeneidades, diferentes oralidades e intermidialidades. (80)


Internet afasta ou aproxima?


No contexto urbano, onde as distâncias atrapalham a interação, a internet pode ser uma ferra- menta de aproximação. Mas não sem contradições


Parte da contradição expressa pelos jovens internautas pesquisados – que aponta ao mesmo tempo para a internet como intensificadora dos contatos e distanciadora da afetividade e da sociabilidade – é esclarecida pela discussão da perda da qualidade dos relacionamentos no âmbito da rede mundial de computadores, muitas vezes apontados como superficiais, passageiros e inconstantes: (93)


Não é um hábito solitário


Não se trata mais de um exercício introspectivo, solitário. O grande barato é você ter em tempo real o feedback do seu status, que é o que a gente busca como adulto. (Rodrigo Nejm, 95)


Possibilidade de Expressividade pessoal
Para os jovens internautas entrevistados, a participação em redes sociais traz uma expe- riência livre e radical de expressividade pessoal: (109)


O Brasil é um país de usuários assíduos da internet, mas não integra esses mecanismos às suas políticas públicas


Segundo relatório global de tecnologia da informação do Fórum Econômico Mundial* – divulgado em 2013 – o Brasil subiu apenas da 65ª para a 60ª posição no ranking das nações mais preparadas para o aproveitamento das novas tecnologias. (...) O Brasil se mantém estag- nado no avanço do desenvolvimento e da adoção tecnológica, apesar dos investimentos públicos em infraestrutura (113)


Aprenderam coisas que não aprenderiam na escola
Nessa mesma direção, cabe ressaltar que 45% dos jovens conectados brasileiros concor- dam total ou quase totalmente que na internet aprenderam coisas úteis para suas vidas ou para o seu trabalho, que não aprenderiam na escola de ensino fundamental ou médio, ou mesmo na faculdade. (115)


Pensando na sexualidade, podemos entender que, mais do que o professor ensinar em sala de aula sobre o tema diretamente, é preciso fomentar a pesquisa crítica na internet, e dar ferramentas para que os alunos usem as plataformas como ágoras.


A capacidade técnica que essas novas gera - ções têm não é acompanhada por uma reflexão sobre a própria dimensão da internet. Precisamos ensinar a eles conceitos mais amplos de praça pública, de ética, de construção de tecnologia, do lugar que a tecnologia pode ocupar no desenvolvimento da própria cidade, por exemplo. (116)


Confiança nos buscadores


Se reflete também na barrinha do youtube, que busca “explicadores” influentes e reais.


Observa-se que os buscadores adquirem grande relevância como fontes críveis de informação e pesquisa, superando itens mais tradicionais como livros, jornais, revistas e as próprias instituições de ensino (120)


Práticas Cidadãs
As novas tecnologias de informação e comunicação potencializam as ações e a atuação dos movimentos sociais, favorecendo as práticas da participação cidadã. Nesse contexto, o mun- do juvenil é particularmente afetado e impactado, em múltiplos lugares, em todo o mundo conectado.(142)


são as possibilidades de articulação pelas redes digitais que lhes dão outra característica funda- mental: a existência de um duplo espaço de autonomia – no espaço físico urbano e no ciberespaço. O que mudou é que os cidadãos agora têm um instrumento próprio de informação, auto-organização e automo- bilização que não existia(143)


Internet e mobilização social


Observa-se que 35% dos jovens internautas brasileiros utilizaram ferramentas da web para a mobilização social. Este indicador é relevante, especialmente se considerarmos que os jovens tendem a usar a internet principalmente para atividades de entretenimento.


Proximidade afetiva


“Eu diria que pela tecnologia – embora pareça uma contradição – há um componente afetivo que se resgata nas relações, especialmente nas grandes cidades. Porque quando você não tinha como ver o outro, nem telefonar era tão fácil, você estava longe; hoje você pode se sentir super perto, mesmo estando muito distante fisicamente”.


Medir o uso da internet em dias?


O estudo feito em 2014 mede o uso da internet baseado em dias de acesso por semana. “Você acessar as redes todos os dias? Quase todos os dias? Você usa a internet para lazer todos os dias? Quase todos os dias?"


Finalizado em 2014, as métricas deste estudo parecem não se aplicar mais à práticas de conexão do jovem. Os planos de acesso à internet pelo celular passaram a fica muito mais acessíveis e com mais dados. Uma vez que o usuário tem acesso constante à internet, não é possível medir o uso por dias. Dentro das dinâmicas dos aplicativos, enquanto houver aces- so disponível, haverá acesso. Mensagens rápidas por whatsapp, gps, acesso ao facebook. O número de acessos diários podem ser incontáveis. É uma métrica difícil de ser aplicada e que, no fim, diz pouco sobre o costume de uso e interação dos jovens na internet.


Conclusão no que se refere à aprendizagem

No que se refere à educação e à aprendizagem, as novas tecnologias digitais e as abordagens pedagógicas decorrentes de sua crescente e irrecorrível incorporação tanto em sala de aula, quanto nos estudos, na realização de pesquisas e tarefas e de cursos online, seguramente, irão modificar de maneira significativa e impactante as rela- ções entre professores, alunos e escola. Nesse contexto mutante, os docentes, cada vez mais, passarão a ocupar a posição de tutor, mentor ou guia para o aprendizado auto- motivado de seus alunos. (208)

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