Em
“A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, o filósofo e sociólogo
alemão Walter Benjamin, associado à Escola de Frankfurt reflete a respeito do
processo de reprodução no campo da arte.
Para
Benjamin (2008) “à medida que as obras de arte se emancipam do seu uso ritual,
aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas” (BENJAMIN,2008, p. 173).
Isso por que, para ele, enquanto a arte estava no âmbito do ritual, ficava mais
limitada à exposição da sua aura aos elementos referentes à sua função, por
exemplo, uma estátua de uma deusa tem o seu lugar dentro de um templo,
diferentemente de uma pintura que pode ser exposta em diferentes lugares.
Propõe
que ao atingir esse fracasso do padrão de autenticidade na reprodução de arte,
altera-se sua função social, que, em vez de assentar-se no ritual, passa a assentar
em uma outra práxis: a política.
De
acordo com Benjamin, a obra de arte sempre foi reprodutível, uma vez que a
imitação sempre era exercitada por mestres e alunos. O autor acentua que foi
com a litografia, que pela primeira vez, a reprodução técnica avançou
significamente uma vez que permitiu às artes gráficas a possibilidade de
colocar no mercado seus produtos e o cotidiano foi ilustrado de forma mais
geral.
Com
a fotografia, temos uma grande ruptura na história artística, pois,
Pela primeira
vez no processo de reprodução da imagem, a mão foi liberada das
responsabilidades artísticas mais importantes, que agora cabiam unicamente ao
olho. Como o olho apreende mais depressa do que a mão desenha, o processo de
reprodução das imagens experimentou tal aceleração que começou a situar-se no
mesmo nível que a palavra oral. (BENJAMIN,2008, p. 167)
É
com essas mudanças que Benjamin (2008) diz que mesmo com a reprodução mais
perfeita, falta uma coisa “o aqui e agora da obra de arte, sua existência única,
no lugar em que se encontra” (Benjamin, 2008, p 167). Conceito que permeia sua
teoria sobre a autenticidade da obra de arte, essa que é subtraída à
reprodutibilidade técnica, já que a autenticidade é colocada como a suma de
tudo que envolve uma obra de arte, sua origem, sua duração material e seu
testemunho histórico.
Portanto,
“o que se atrofia na era da reprodutibilidade técnica da obra é a sua aura”
(Benjamin,2008, p.168) que liberta o objeto do domínio da tradição, essa tão
mutável e tão instalada na história da arte. O autor usa como exemplo um mesmo
objeto que em circunstancias diferentes, pode ser considerado culto ou nefasto
mas que independente da sua situação é encarada como arte pela singularidade,
sua aura.
Quando
aparece a tecnologia da fotografia, a arte aproxima-se do que ele considera uma
crise, que eclode com as vanguardas históricas e principalmente pela teoria de
“l’art pour l’art” de Marcel Duchamp.
Outro
aspecto levantado é a aproximação das massas com a arte propiciada pelas novas
formas de tecnologia, pois as pessoas que percebiam-se reacionárias em relação
à Picasso ou Duchamp, são progressivas em relação a um filme do Chaplin. O
contexto em que escreveu o ensaio “A Obra de arte na era da reprodutibilidade
técnica”, publicado pela primeira vez em 1936, é fundamental para a compreensão
do conceito da aura da obra de arte.
O
cinema para ele, surge para aniquilar a arte, e não pode ser considerado emancipatório
nem revolucionário, pois, a tecnologia aqui não era uma forma de expandir a
arte e fazê-la atingir mais pessoas, e sim, uma forma de destruir a aura, a
singularidade do objeto artístico.
Isso
por que, quanto mais o significado social de uma arte diminui, tanto mais se
afastam no público as atitudes, críticas e de fruição – como reconhecidamente
se passa com a pintura. O convencional é apreciado acriticamente e o que é
verdadeiramente novo é criticado com aversão.
A
devastadora avaliação da reprodutibilidade técnica de Benjamin aplica-se principalmente
à fotografia, essa que no final do século XIX foi negada por muitos artistas
como uma expressão artística e que pensando no contexto contemporâneo tem sido
uma das linguagens mais investigadas esteticamente.
BIBLIOGRAFIA
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e
história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 2008.
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