Quem é o dono do futuro? - Perspectiva de Jaron Lanier sobre encaminhamentos do mercado online

Aula externa de 25/09

Lanier trás uma reflexão sobre o modo econômico de funcionamento da sociedade. Ele se vale da metáfora do Maxuell’s Demon, para desenvolver toda uma linha de pensamento sobre essa noção de criar um mecanismo que anule o trabalho.

O demônio de Maxuell, conforme explica Lanier, seria o responsável por abrir e fechar portas, juntando as partículas quentes em um compartimento e as mornas em outro, assim, dentro do primeiro compartimento, haveria geração de energia espontânea, sem trabalho e sem custo.

A crítica do Lanier, que vai se prolongar por todo o texto, reside no fato que, mesmo nesse mecanismo “barateador”, há gastos. Há o custo do compartimento, das câmaras e há o trabalho do demônio, que não deixa de ser essencial.

Dos modos de trabalho
Fordismo: Por mais racista, classista e liberal que Ford fosse, ele entendia que era preciso criar carros que pudessem ser comprados pelos seus próprios trabalhadores. É preciso viabilizar seu próprio mercado

A mudança do mercado
Lannier faz críticas incisivas e reflexivas sobre a organização financeira da sociedade inserida no digital.
Quando trocaram-se os cavalos por carro, foi preciso lutar pela mudança da estrutura do emprego do condutor. Ele não mais limpava as bostas, alimentava e escovava os bichos, agora ele só conduzia os automóveis, o que parecia ser algo mais divertido do que trabalhoso, no entanto, foi preciso união e organização para apontar que o serviço aparentemente mais “divertido” também requer pagamento. É isso que acontece com as profissões atuais, que produzem valor “intangível” - apesar de produzirem muito valor - e que acabam mal remuneradas e desestruturadas.

Trabalho informal com vantagens intangíveis

Crítica a forma como o trabalho atual é organizado, baseado nas vantagens informais, sem dar condições de futuro e segurança para as pessoas “Não estamos dando condição sustentável para o mercado”.

Fazendo uma análise que leva em conta a teoria de Marx, mas que a considera de forma crítica, Lanier defende que é preciso garantir a capacidade e segurança financeira de uma camada média (ele não se coloca nem como liberal, nem como marxista, mas aponta que tal estratégia seria uma vantagem para ambas as teorias).

Micropagamento pelos serviços de produção de dados online
Conceito criado por Ted Nelson que tem como objetivo viabilizar e democratizar a produção de conteúdo espontâneo e não “mercadológico” na internet. Hoje, algumas plataformas, tem trabalhado com isso, como o Medium, por exemplo, plataforma na qual as pessoas podem publicar e ler textos, os leitores podem distribuir palmas, de acordo com os textos que gostarem mais. No fim do mês, os campeões de palmas recebem uma quota financeira.


Curva de poder 
No youtube o que acontece é o desenvolvimento de curvas de poder, em que os primeiros que chegaram aquele ambiente se tornam estrelas e os que vem a seguir serão aspirantes que acham que tem mais chances de chegarem lá do que realmente tem.

Ao abordar a Curva de Poder, Lanier se referia a produção de conteúdo dentro de redes como youtube, por exemplo. No entanto, podemos observar essa lógica dentro da ascensão das próprias redes sociais como empresas do mercado digital.

Se observarmos a linha do tempo de surgimento das principais redes sociais, perceberemos que, a princípio, a criação de novos modelos de redes era mais espaçado. Nos anos 2000, ele começa a ser mais rápido e há um boom de inovação e de expansão de acesso a partir de 2004. No entanto, após o boom de proliferação de empresas, há um movimento de centralização, em que o Google e o Facebook passaram a comprar as demais redes sociais, criando dois grandes conglomerados, sempre dispostos a adquirir a próxima novidade, e que, de muitas maneiras, dominam a ascensão de novas redes. Algumas se tornaram grandes estrelas e as outras formam uma cauda longa aspirante que raramente será capaz de se tornar o que aspira ser.

1985 - AOL
1996 - ICQ
1999 - MSN Messenger
2002 - Fotolog
2003 - LinkedIn
2003 - MySpace
2004 - Flickr, o Orkut e o Facebook
2005 - Youtube
2006 - Twitter
2007- Tumblr
2009 - Whatsapp
2010 - Instagram, Pinterest
2011 - Snapchat, Facebook Messenger
2012 - Tinder

Curva de sino
Voltando a perspectiva de produção de conteúdo dentro das redes sociais, Lanier observa a presença de outra forma de ascensão de conteúdo: a curva de sino. No facebook e twitter, por exemplo, existiria uma curva de sino em que, apesar de haver a minoria mais dominante, há uma grande produção de conteúdo no meio de campo, vindo dos usuários médios.

O financiamento online
Sobre isso, Lanier também critica o modelo de pequenos e grandes negócios online, que são sempre baseados na captação de recursos pela publicidade. Modelo que segundo ele não é sustentável, nem é ideal de ser aplicado para todo e qualquer negócio. Ele defende que se o google e o facebook são empresas que fornecem serviços distintos, sua fonte de renda não deveria ser estruturalmente a mesma.

Além disso, em sua Ted Talk, Lanier disse que entende o potencial positivo da democratização e expansão das redes sociais, mas que esse movimento não pode ser isento, a partir do momento que tem empresas transformando o comportamento das pessoas em lucro.

Para reverter esse cenário, a proposta dele é fazer uma experiência de pagamento por pacote de serviço (como se faz com a Netflix, por exemplo). Ele defende o modelo em a troca de valores seja mais direta: a pessoa paga para receber um serviço isento, e nesse cenário, as pessoas que estivessem fornecendo dados que geram valor para essas empresas, também receberiam através de micropagamentos.

Questionado sobre a dificuldade de aplicação desse modelo, ele defende que é uma questão de convencer politicamente, as quatro ou cinco empresas principais do conglomerado tecnológico (Google, Facebook, Apple, Microsoft).

“Não pode ser tão difícil assim” - Comenta.





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